Desde o início da pandemia, o projeto Segura a Curva das Mães arrecadou mais de R$ 380 mil, convertidos em auxílio para mais de 8.600 pessoas. Com o prolongamento do isolamento social e sem uma perspectiva de retomada da economia, o projeto depende de doações para manter repasse financeiro mensal e ampliar base de mães atendidas.
Fruto da união entre a ONG Instituto Casa Mãe e o Coletivo Massa, o projeto Segura a Curva das Mães nasceu com o objetivo de garantir que mães e crianças tenham prioridade no recebimento suporte emergencial durante a pandemia do Coronavírus. No ar desde 26/03, o projeto já cadastrou 1.734 mães - de todo o Brasil - que estão em situação de vulnerabilidade agravada pelo Covid-19. Cada mãe recebe repasses de R$ 150 por mês, além de escuta qualificada, encaminhamento para especialidades e a participação e redes regionais, que têm o intuito de contribuir para formação de vínculo e comunidade nesse momento em que o distanciamento evidencia ainda mais o isolamento das mães.
Agora, com a extensão da pandemia, o Segura a Curva das Mães - originalmente concebido como uma ação de caráter pontual - foi estendido por tempo indeterminado. Para assegurar o repasse financeiro com recorrência mensal e aumentar o total de mães – e suas famílias – assistidas, o projeto capta doações no Vakinha e no Paypal. Até o momento, a iniciativa - que recebeu doações pontuais de empresas - não tem patrocínio ou apoio recorrente de marcas.
“Todos os meses, enquanto a pandemia durar, nosso primeiro desafio é com a cobertura do auxílio financeiro para as mães que já estão cadastradas e contam conosco. A maioria teve a renda 100% interrompida e muitas não conseguiram acesso ao benefício do governo, apesar de serem elegíveis. Sabemos que existem outras milhares de mães e famílias passando por necessidades, mas acreditamos - desde o início - que para o apoio ser efetivo é preciso ser recorrente”, explica Thaiz Leão, uma das idealizadoras do projeto.
O impacto do Segura a Curva das Mães vai além do aspecto financeiro
Atualmente, o Segura a Curva das Mães atende, de forma recorrente, 1.734 mães, que são responsáveis por 6.936 crianças, adolescentes, pessoas com deficiência e idosos - no total, são 8.670 pessoas apoiadas, em 24 estados brasileiros e o Distrito Federal. Além do auxílio mensal, no valor de R$ 150, as mães cadastradas no projeto são integradas a uma rede de acolhimento virtual, criada com o intuito de oferecer apoio integral às famílias.
Responsável pela interface com as mães e os voluntários espalhados pelo país, Thais Ferreira, também idealizadora do projeto, explica que “como o auxílio financeiro é limitado, o dia a dia é cheio de situações urgentes: todos os dias, falta comida na mesa de algumas famílias; às vezes tem comida, mas falta o dinheiro para o gás. Estamos em contato com essas chefes de família, para mapear e tratar o máximo de casos emergenciais. Na maioria dos casos, a solução vem através de mobilização da nossa rede e principalmente entre as próprias mães”.
O projeto também conta com apoio voluntário de profissionais especializados em áreas que são chave para a garantia do bem viver dessas família. Aulas virtuais de yoga, orientação nutricional e suporte psicológico especializado em luto são alguns dos “serviços" plugados ao escopo da rede de acolhimento desde que o Segura a Curva das Mães foi criado. O objetivo é ampliar a rede de profissionais, assim como a cobertura e a diversidade de atividades, colocando prioridade em áreas cuja necessidade é mais latente.
“Recentemente, o número de mães em contato com o luto cresceu. Sentimos a necessidade de conectar um especialista, capaz de oferecer ajuda técnica e especializada, e buscamos alguém com disponibilidade para atuar de forma voluntária. Hoje contamos com esse suporte, que é superimportante no contexto em que vivemos, e estamos em busca de outros profissionais para nos ajudar a atacar outros problemas”, relata Thais.
Geração de impacto em todo o território nacional
Da compreensão de que há famílias em situação de vulnerabilidade agravada pelo Covid-19 em todo o Brasil, surgiu a premissa de atuação (e impacto) nacional para o projeto. Para viabilizar essa cobertura, o repasse financeiro ocorre através de depósito em conta nominal às mães. Essa decisão tem dupla razão de existir:
– Reforçar a pauta, já defendida pelas idealizados do SCM, sobre empoderamento dessas mães como chefes de família, capazes de decidir sobre prioridades e uso do dinheiro;
– Garantir facilidade e praticidade no acesso das mães ao recurso financeiro, disponibilizando-o diretamente na conta bancária já utilizada no dia a dia.
Responsável pela parte administrativa e financeira do projeto, Thaiz Leão conta, ainda, que a criação de uma carteira digital chegou a ser levada em consideração, mas foi descartada pelos riscos diversos à efetividade. “Ouvimos diversos relatos negativos sobre experiências anteriores com repasses em carteiras digitais e isso foi determinante para nossa decisão. Dentre os problemas mais apontados, os mais recorrentes são: o acesso restrito à internet; a insegurança no “ato de gerenciar dinheiro online”; e por último, mas super-relevante, a importância do dinheiro em espécie, para circular entre a comunidade no entorno”.
Apesar da solução bem amarrada para os repasses financeiros a nível nacional, logística é um desafio para o projeto, que nasceu em meio à pandemia e, portanto, não dispõe de estrutura(s) física(s). Mesmo conectado a mais de 500 ONGs e instituições locais, que atuam nas linhas de frente de cada região, dificuldades logísticas são recorrentes e, muitas vezes, resultam na impossibilidade de aceitar doações.
“Muitas empresas estão dispostas a doar produtos excedentes, mas não oferecem a logística: entregam todos os produtos em um endereço único indicado pela ONG, que deve retirar e distribuir. Isso funciona melhor em projetos concentrados em cidades ou regiões específicas, mas se torna complexo (e custoso) quando pensamos em cobrir o Brasil todo”, conta Thaiz.
Mais sobre o Segura a Curva das Mães
O trabalho do Segura a Curva das Mães é somar esforços junto às entidades do terceiro setor, coletivos, instituições da sociedade civil e indivíduos para realizar distribuição direta e indireta de recursos, cuidado integral, apoio psicossocial e suporte jurídico a fim de promover e garantir de forma prioritária, por meio de ações práticas, a dignidade e os direitos básicos de mulheres e crianças enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.
Leia mais: www.seguraacurvadasmaes.org
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